Aprendemos muito mais quando podemos ensinar a outros.
Para construir uma aprendizagem significativa, devemos encontrar formas de fazer com que os alunos apliquem em diferentes contextos. Devemos criar situações em que eles possam ensinar a outros como aplicar. Estabelecer parâmetros e alternativas para que possam adaptar a aplicação e intervir criticamente no processo.
Primeiro passo, refletir sobre a prática atual!
Passamos muito tempo preocupados em como modelar e empacotar os conteúdos para poder entregar cursos que sejam engajadores e interativos. Preocupamos em conectar a teoria com prática. Buscamos tornar possível e acessível a transformação que prevemos para o curso. Consideramos objetivos de aprendizagem. Atrelamos a estes objetivos sequências de atividades que levem ao alcance destes….
E em vários momentos, esquecemos de pontos básicos tais como os percentuais indicativos de como se dá a aprendizagem. Na realidade, isso ocorre, porque por vezes buscamos caminhos que consideramos mais fáceis. A facilidade da trajetória pode impactar negativamente na aprendizagem.
Vamos parar para pensar!
O que foi feito quando migramos a aprendizagem para o virtual?
Apenas abrimos mão do papel. E passamos para o áudio e o para o vídeo. Consideremos o boom das telas interativas, com vários cliques para acessar os conteúdos colocados em profundidade…. qual a diferença em relação à aula expositiva?
Tudo bem?! Existem casos e casos. Não dá para generalizar.
Mas pensa comigo: qual a diferença?
- o professor falando em sala de aula com o quadro,
- o professor falando no vídeo com os slides,
- o professor falando em áudio com recursos sonoros,
- e as telas com animações e avatares.
Se considerarmos separadamente o ler e o ouvir, ou mesmo se considerarmos estas ações conjuntas, certamente a experiência gerada com a aprendizagem será parcial.
Especialmente se considerarmos que a aprendizagem se torna mais efetiva quando colocamos em prática o que estamos aprendendo, ou ainda quando ensinamos a outros aquilo que aprendemos.
* NOTA: As porcentagens podem variar, visto que não há dados cientificamente provados em relação à exatidão na mensuração destes processos.
O que falta é a PRÁTICA!
Simples assim…. sequenciamos conteúdos e exercícios práticos… conteúdos e exercícios práticos…. conteúdos e…. PODE PARAR porque não é assim que funciona. Deste jeito, voltaremos à educação tecnicista da década de 1970. Retrocesso que funciona em contexto bastante específicos e por isso ainda não foi descartada de vez.
Por trás de todo processo de aprendizagem significativa, seja com base em estudos autônomos, seja com base em mediação, temos pessoas…
E pessoas ao lerem, verem e escutarem absorvem o conhecimento de acordo com seus contextos e paradigmas originais.
Isso mesmo! Desafio número 1: Desconstruir a aprendizagem linear e torná-la processo! Dinâmica e disruptiva.
Pensando bem, a aprendizagem é naturalmente não linear e disruptiva. Aprendemos ao ressignificarmos. Ao trazermos para a nossa realidade e fazermos os ajustes de aplicação.
Isso…. na prática a teoria é diferente! É diferente porque o comportamento padrão, clássico, exato e perfeito só existe na teoria. A prática ideal aproxima-se do caos.
Que venha a COMUNIDADE de PRÁTICA!
Na comunidade de prática, podemos amarrar a proposta de colaboração. Aprender com a prática. Estabelecer conexões.
Colaborar com a construção dos colegas, seja de forma individual ou coletiva.
Todos aprendemos com os erros e acertos dos outros. Interagir com os processos dos demais integrantes da comunidade, analisar e dar feedbacks. Testar os conceitos e adaptá-los aos diferentes contextos.
Vani Kenski afirmava que “a colaboração pressupõe a realização de atividades de forma coletiva”. Desta forma, a atividade desenvolvida por um complementa o trabalho de outros. E, nesse processo, desenvolvem-se processos de interação complexos que levam a aprendizagens efetivas.
Na comunidade de prática, trabalhamos colaboração, construção coletiva, análises e sínteses, testes coletivos e cruzados, aplicações em diferentes contextos. Explorar cenários, cases e colocar a teoria apenas como pano de fundo é um diferencial que ainda vemos poucos aplicarem no virtual.
Quanto maior a interação, maior a possibilidade de uma aprendizagem significativa.
Voltamos a pensar nas formas como aprendemos!
Aprendemos a buscar soluções diferentes para o mesmo problema quando debatemos.
A aprendizagem se dá por meio do debate. Fóruns de discussão focados são muito produtivos, intensificam-se os brainstormings coletivos. Neste contexto, os processos criativos são estimulados. Construção de feedbacks. A escuta sensível acaba por favorecer à construção crítica.
Aprendemos na prática quando experienciamos.
Colocar a mão na massa. A aprendizagem se dá por meio das práticas. Promover a fazedoria. Provocar contextos e levar a experiências que estimulem uma prática diferenciada. Nada de aplicar em fórmulas ou modelos rígidos. As experiências devem flexibilizar os processos. Apresentar soluções diferentes para o mesmo problema. Descobrir saídas onde aparentemente não existe.
Aprendemos a quase totalidade do que ensinamos aos outros.
Está aí a verdadeira “cereja do bolo”. Quer um aprendizado efetivo? Ensine. Criar contextos em que os alunos possam ensinar aos colegas e promover experimentações, colocando a teoria em prática é o cenário ideal. A aprendizagem se processa ao ensinarmos o que aprendemos a outros, ao criarmos estratégias para passar conteúdos e práticas de forma contextualizada.
Bem, no presencial, promover este tipo de interação, propor ações assertivas e colaborativas para intensificar processos de aprendizagem parece um caminho lógico. Considerando os avanços dos estudos sobre estilos de aprendizagem e sobre aprendizagem de adultos, estas práticas necessariamente acabam sendo recorrentes.
Mas você pode estar se perguntando…
Dá para fazer desta forma também no virtual, em cursos online?
Desafio número 2: usar as tecnologias educacionais, com atenção especial às tecnologias móveis, para aproximar e criar situações de experimentação, de troca, colaboração, de construção coletiva e abrir espaço para que todos possam ensinar.
Ao iniciar com os cursos online voltados para empreendedores, no Circuito e-Learning, decidimos por aplicar uma proposta diferenciada. Estabelecemos processos de interação que favorecem a aprendizagem por experimentação, por resolução de problemas, por trocas colaborativas, por aplicação da teoria na prática.
A base é vencer o desafio de que não existe uma fórmula mágica que já vem pronta. Tudo bem, existe um roteiro que deve ser significado, contextualizado, flexibilizado e aplicado.
Lançar um curso em processo, num contexto tão diverso trouxe para o nosso foco o desafio. Traçar uma linha mestre deixava de ser suficiente. Tornou-se necessária uma teia articulada, com diferentes entradas e saídas que pudessem gerar aprendizagens locais e transversais.
A implementação de uma comunidade de prática, a utilização de aulas ao vivo via sistemas de webconferência, a aplicação de conceitos em projetos reais em diferentes contextos são apenas alguns dos pontos a serem ressaltados.
É importante que você entenda que, por mais que se faça inúmeras propostas e previsões, nada lhe garante que efetivamente vai funcionar. Os participantes precisam acreditar na ideia, perceberem que é possível.
Trazer o aprendizado para a prática.
Enriquecer o aprendizado com a prática, implica em romper o medo natural de testar e de correr riscos. Entender que o erro faz parte da experimentação. E que a aprendizagem se torna mais rica quando aprendemos com os erros, tanto os nossos quanto com os dos outros.
Na prática, vivenciamos saltos qualitativos dos participantes. Assistimos ao crescimento, em respeito ao ritmo de cada um. Seja em posicionamento, em crítica construtiva, em questionamento das práticas e dos processos em aplicação direta, a grande maioria saiu da inércia, deu passos assertivos e impulsionou-se.
Os adultos em processo de aprendizagem só se mantêm automotivados se levam para a prática cotidiana o que estão aprendendo. Construir significados atuais, flexibilizar e criar com base nos conhecimentos adquiridos. E é daí que vem também a evasão, o abandono e a culpa interna de não ter conseguido seguir em frente.
A proposta implementada tende a oferecer todos os subsídios para a aplicação. Este é o ponto de partida para a prática. E quando se colocam os participantes sob pressão, em equipes, para realizarem na prática o que já ouviram ou leram ou viram em teoria… algo destrava, a chave vira e o que parecia impossível, acontece.
Quer tornar sua aprendizagem significativa?
Diversifique nas mídias. Implemente processos de interação que estimule trocas e colaborações. Favoreça os testes. Estimule atividades práticas. Colabore para que sejam feitas conexões. E leve seus alunos a ensinar tudo o que aprenderam durante o processo!
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*Existem pesquisas sobre processos de aprendizagem, sobre estilos de aprendizagem e as diferentes formas como aprendemos, sem dados validados dos percentuais.